Biodiversidade é um conceito que ultimamente tem sido muito falado, mas, infelizmente, pouco compreendido pela sociedade brasileira. Quando se trata de biodiversidade marinha, de sua importância para nossa cultura e economia e de seu valor intrínseco, a compreensão é ainda menor. Consequentemente, os impactos negativos sobre os ecossistemas continuam, e a possibilidade de extinção de espécies aumenta. O objetivo desta publicação é o de ampliar os horizontes dos conhecimentos sobre oceanos entre o público geral, espalhando essa paixão nutrida por oceanógrafos e ambientalistas ao maior número de pessoas possível. O conhecimento científico, a vivência e a visão sistêmica do autor propiciam tratar do tema biodiversidade marinha com profundidade, sensibilidade e encantamento. Os capítulos da obra ilustram as riquezas de nosso mar, expõem os usos e abusos dos recursos e ecossistemas marinhos e costeiros no Brasil e trazem ideias sustentáveis que vêm sendo aplicadas.

A costa brasileira tem aproximadamente 8.500 km de extensão, ao longo dos quais coexiste uma enorme diversidade de ecossistemas marinhos. São praias arenosas, costões rochosos, lagoas costeiras, manguezais, recifes de algas calcárias e corais, estuários de pequeno e grande porte, ilhas oceânicas e o único atol do Atlântico Sul, o Atol das Rocas. A diversidade de paisagens e de comunidades biológicas é uma das maiores do mundo e sustenta parte da socioeconomia costeira. Portanto, se o Brasil não tivesse mar, nossa vida seria completamente diferente. E eu digo que seria pior. Desde os tempos de universitário, venho acompanhando de perto o impacto negativo que o desenvolvimento socioeconômico dos últimos 40 anos provocou, e ainda provoca, em nosso mar. A falta de conhecimento de quase todos os setores da administração pública, de políticos, empresários e educadores sobre a importância do mar para a sociedade brasileira é a principal ameaça contra a integridade física e biológica dos ecossistemas marinhos.

Frederico Brandini é oceanógrafo e conduz pesquisas sobre biogeoquímica marinha há pelo menos três décadas, inicialmente como pesquisador do Centro de Estudos do Mar da UFPR em Pontal do Sul, no Paraná, e desde 2009 no Instituto Oceanográfico da USP. Participou de projetos de conservação ainda nos tempos de professor no Paraná e também no âmbito da Associação MarBrasil.